SÓ
MAIS UMA ESTÓRIA
Naquela
cidade
Havia
um bairro
Naquela
rua
Onde de
feliz tristeza
Viveu a
minha infância
Aquela
senhora vestia uma saia
De
remendados trapos coloridos
Levando
ao colo um bebezinho
De
plástico
E uma
garrafa de aguardente
Naquela
casa
Nos
dias de sol quente
Ouvíamos
passar o afiador de facas
E tudo
cheirava a morna quietude
Nos
dias de frio passava a carrocinha
Carregadinha
de lenha
De
qualquer modo
Assim é
em minha memória
Toda a
vida é uma estória
Minha
mãe era um cobertor
Então tudo
parecia quentinho
Na sala
o sol desbotava as cortinas
E
cheirava a mormaço e preguiça
Muitas
vezes as cores enfureciam-se
Então
cheiravam a faca
E
sangue
Naquela
parede havia uma imagem de
Jesus
Que
olhava doce e mostrava
Ao
afastas as vestes
Enorme coração
Vermelho
e aberto
Eu
sentia amorosidade
Em
amarelo ouro
Aquele
lar
Em
sons, cheiros e cores
Habita
em cenário
Meus
pensamentos
O que é
feito de matéria
Vira pó
Mas as
lembranças são feitas
De amor
Dor,
alegria, tristeza
De sopa
na mesa
Dos
dedos compridos de minha mãe
Servindo
meu prato
Do
espanto
Do que
se foi
Do que
restou
De
tantos
Tantos
Tantos
anos
Que
passaram
Mais
depressa
Do que
desbotaram
As
cortinas
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terça-feira, 18 de junho de 2013
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