quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

FLUIR E RESSURGIR


FLUIR E RESSURGIR

O toque suave das cordas de um violino
Leve carícia para a alma
Um som delicado e a desejada calma
O ritmo da respiração
Vai e vem de pensamentos errantes
Passam, não pousam
Liberar a mente
Passo a passo
Abrir espaço
No compasso da música
Da tristeza à leveza, beleza
Transbordar, Transformar, transcender,
Fluir e ressurgir

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ANGÚSTIA


ANGÚSTIA
A chuva num dia de lágrimas
O barulho da chuva no elemento vidro
E aquele pungido aperto de angústia
Uma presença indecifrável na completa ausência
Inexplicável diálogo de mudos absurdos
Como se estivéssemos à espera de uma palavra
O silêncio persiste inescrutável
Inviável é conceituar o que se passa
Nada se passa em meio ao burburinho de sentires
Estou cansada
E o vento não aponta a direção

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ABRIR A JANELA



ABRIR A JANELA

A noite não é menos bela
Porque você tem más lembranças
As estrelas não deixam de brilhar
Enquanto você tem medo de sonhar
Não é porque você insiste em sofrer
Que o mundo vai acabar
Aprenda: viver é manejar malabares
Equilíbrio e contorcionismo
É estar à beira do abismo
E dar asas a imaginação
Saber-se na corda bamba
Entender que a vida é uma arte
A do possível
Perdoar-se pelas escolhas que não pôde fazer
Pela sabedoria que não possuía
Pelos erros, enganos
E planos que fugiram do controle
A noite ainda é bela
Para ver as estrelas
Basta abrir a janela

sábado, 19 de novembro de 2011

SAGRADO



SAGRADO

Meu sol planta hortênsias no jardim
Minha noite vive de versos
Almoço, janto e me espanto
A realidade é duro fardo
Encaro plantando meus pés no chão
E tendo sempre os olhos voltados para o céu
Imagino ser um véu
E sair voando azul
Fecho os olhos
Encho os pulmões de cores
E os dissabores parecem
Outros mundos
O ser verdadeiro habita
Onde, em poesia palpita,
O coração
No sagrado solo
Da plantação.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

TRANSMUTAR


TRANSMUTAR

Construo um sonho
No lugar de um velho pesadelo
Procurando inundar de forte luz
A obscura fenda
Por onde encolhido, escondido
O mau sonho trama manter meu ser ferido
Em seus ataques noturnos
Covardes, soturnos
Quero que ele ouça esse recado
Você ainda mantém preso em seus laços
Os meus passos
Detém meus avanços
Oh, escura sombra
Escuro desconhecido
Você será vencido
Por poderosas ondas de luz
Sentidos de fé e coragem
Sei até que você vai ter vontade
De chorar, desfazer-se em lágrimas
Escorrer pelas abundantes águas
Transmutar e
Não mais voltar

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O trem da vida


O trem da vida

Minha avó fazia balas de guaco e mel
Embrulhava com papéis coloridos
Eu pensava que o mundo era uma estação de trem
De bem, de vida
As pessoas gostam de filmes de ação
E veio a revolução
Descobri que armas também levam balas
De morte, morte
Muita gente não tem o que comer
Todos tem medo de morrer
Há homens que batem em mulheres
Uma mulher espancou um bebê
O toureiro põe uma linda roupa
Para matar o touro
O povo ama o toureiro
Areia e sangue derramado
Dois aviões explodiram as torres gêmeas
Um avião atirou Bin Laden no mar
Muitas pessoas têm medo de se afogar
Muitas temem os muçulmanos
Outras têm medo de negros
E algumas de homossexuais


Precisamos viver com os normais
Ouvi isso muitas e muitas vezes
Mas não entendi
Minha avó fazia balas de guaco e mel
Embrulhava com papéis coloridos
Na estação da alegria
Muito longe dos trilhos
Do trem da vida

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como se fosse


Como se fosse

Todo mundo tem um segredo
Que nunca contou a si mesmo
E tenta não pensar
Enquanto escova os dentes
Ou quando prepara o jantar
Todos têm ilusões
Impossíveis de saciar
Enquanto tomam sorvete
Com os olhos a vagar
Todos desejam ser
Mas não são
E pedem um café
Com a fé
De que estão por descobrir
O que é mesmo
Que estão a procurar
Ainda que não saibam como
Como se fosse sorvete
Como se fosse café

sábado, 29 de outubro de 2011

NATURAL COMO A VIDA


NATURAL COMO A VIDA
Amor teu sorriso singelo
Faz o mundo explodir em solar amarelo
O que sinto de mais belo
Sempre senti por ti
Quando nasceste aprendi
O que é amar sem limites
Em meio à profunda escuridão
És o sol que nada pode apagar
A mais verdadeira forma de amar
Minha árvore, mina flecha
Projeto do que está por vir
Completo trajeto
De mim saístes
Para mim não voltarás
Pode ser mais certo?
Natural como a vida

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

NOITES DE ZODÍACO

Noites de zodíaco

Cidade nua, noite chuvosa
Chuva, Chuva, Chuva
Elemento líquido, profundidade amniótica
Disformes formas, nenhum limite
Quem sou eu?

Cidade triste, noite escura
Passam carros, pessoas, anonimato
Tudo parece evaporar-se na distância
Pensamentos abstratos, elemento ar
Será o amor capaz de voar?

Cidade verde, noite com cheiro de grama
Sinto meus pés no barro, estico os braços
Exalo o ar, uma árvore a balançar
Elemento terra, vontade de germinar
Pode a terra meu corpo plantar?

Cidade acordada, noite iluminada
O calor da lareira, elemento fogo
Fogo dançando, brasa ardendo
Pira, pensamentos empíricos
Pode o desejo incendiar?

domingo, 23 de outubro de 2011

De feras e escuridão


De feras e escuridão

Estranhos pressentimentos, por momentos o vento uiva
Lobo, lua cheia, uivos de lobos em noites de lua
Antigas dores, rancores, amores não resolvidos
O homem velho precisa morrer.
Cuidado com a lâmina da navalha.com a falha de percepção
Wake up dead man!
O gato escuro, a noite selvagem
A noite escura, o gato selvagem
Atenção!
Ele vai rasgar sua carne, arranhar sua pele
Sangue vermelho, sangue no espelho
Wake up dead woman!
Não há tempo a perder, sua vida por um fio
O fio da navalha, desatenção, falha
O que isso quer dizer?
O que há para esconder?
Veneno, Veneno?
Desperta, alerta, acorda
Ou você supera, ou rompe-se a corda

sábado, 22 de outubro de 2011

Lembrar de ser feliz


Lembrar de ser feliz

Acordei com sonhos em versos
Num desses dias de pijamas
Ideias, delírios, utopias
O que era mesmo que fazia
Tudo parecer ter sentido?
Tempo, tempo, tempo
Saudades, vagas lembranças
Pálidas esperanças
Só sei, que desejo por inteiro
Lembrar de ser feliz

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quem é ela?


QUEM É ELA?

Baile de máscaras a luz de velas
Ninguém sabe dela
A máscara e a persona
A alma que desliza
A valsa que a leva
Salões de obscuros sonhos
Sapatos de cinderela
Quem é ela?
A alma, a persona, a sombra da vela
Sentimentos contidos na escura cela
Quem é ela?
Será a profetiza, a feiticeira, a dama da noite?
Dançando entre pierrôs, arlequins, luminosos serafins
É tudo tão irreal, talvez seja o vinho, a tontura
Essa loucura que todos compartem
Ou quem sabe é essa a verdade
E só você ainda pergunta
Quem é ela?

Ave Maria

Cai à tarde, é hora da Ave Maria.
Rogai por nós doce mãe, a cada instante e a cada pensamento.
Quando tristes, desolados, aflitos, necessitados.
Quando a saudade for maior que nossas humanas forças.
Quando, em nossa pequenez, a tarefa parecer demasiada.

Apiedai-vos de nossos espíritos desejosos de voar,
Almejando, da beleza, o encontro.
Abençoai a criança que insiste amanhecer as almas,
Indiferente a toda aridez e descrença.
Zelai por nossos corações, mãe bendita.

Protegei-nos do desinteresse, da indiferença.
Da doente solidão da modernidade.
Dai-nos a fé contundente dos loucos, dos inocentes.
Velai por nossos sonhos e para que não os abandonemos.
E na hora de nossa morte, dai-nos a luz.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vestir


VESTIR

Tenho palavras, poesia, anseios maiores
Vivo bem, a Deus agradeço isso
De não esquecer a liberdade tida antes do corpo

Em minha pequenez cresço
Vejo mais que os olhos podem
Dói-me voar sem asas
Do alto cair
Mas sons, frases, respirações
Prazer podem provocar

Escrever emaranhando sentimentos
Afasta com bálsamo feridas d’alma
Quanta dor ou contentamento veste nossa vida?
Quem sabe? Poderia ser diverso?
Ninguém escolhe o que é, vê ou sente
É-se o que se é, inevitavelmente

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Atroz loucura


Atroz loucura

Silêncio ensurdecedor
Avassaladora noite vazia
Sem desejo ou amargura
Atroz loucura
Nenhum passo
Espaços
Transparências, ausências
Anoiteceres em sequencia
Guardados versos
Transversos
O gato atravessa a janela
Movimento
Passa o momento
E nem mesmo sei o que passou

domingo, 9 de outubro de 2011

Vida é movimento


Vida é movimento

Explosivamente feliz?
Insustentavelmente miserável?
Sim, assim é que sinto
Desse modo, vivo
A lua e o sol acaso não são distintos?
Água, terra, vento e fogo?
O universo está em constante ebulição
Mutação eterna
Estável é um estado que existe
Unicamente no dicionário.
Uma palavra, nada mais.
Estável é a ausência
Vida é movimento

sábado, 1 de outubro de 2011


PULSANDO
O que estava guardado
Escondido
Preparado
Lento, dentro
Começa a sair
De dentro pra fora
À vista, rápido
Explosão de cores
Odores
Zumbidos
Pulsando, pulsando
Botões de Hortência
Brotando
Flores brancas de caule
Abrindo
Passarinhos chegando
Pulsando, pulsando
Coração de primavera
Aberto
Agora é hora
Borboletas voam
Pintando o quadro
Amarelo
Elo, elo
Rosa
Verde
Verde mata
Nasce, renasce
Pulsando, pulsando
O coração da primavera
Nova era
Meu peito

domingo, 25 de setembro de 2011

Flores para você


Flores pra você
Ligue-se à antena Paranóica, à TV por assinamento
Tenha à mão o descontrole terremoto, que a gente se vê
Plim,plim! Você tem tudo para ser feliz
Use sandálias Bündchen, coloração Débora Bloch
Por que não tem pequena empresa, grande negócio?
O mundo trata melhor quem se veste bem
Bonita camisa, Fernandinho
Hoje é sábado, dia de pizza, alegre-se

Compre um celular, Claro, navegue na Internet
Sexo virtual é seguro, ligue disque dinheiro
Como não está feliz, se pensando em você
A Avon criou o novo batom
Sensação de vazio? Vida sem recheio?
Mande flores pra você, mereça esse carinho

Existem coisas que o dinheiro não compra
Mas existe o Mastercard.
Não sei como se acha infeliz: Jesus te ama
Sente-se velha? Lembre o que passou
Deve estar na memória, não em linhas da face
Tenha o creme anti-sinais
A ciência-aliada à tecnologia- opera milagres
Medo do futuro...tome atitudes
Poupança Banco do Brasil, seguros Santander
Sua vida será casamentos, formaturas
Cruzeiros exóticos, romances fatais
Infeliz? Financie seu jazigo em doze prestações mensais





Confira aqui o tempo máximo de armazenamento de mensagens em cada uma

Contentamento


Contentamento

Alguém para falar
Um amigo a quem ouvir
Um sorriso para compartilhar
Um ombro, um abraço
Um traço de afeto
Na página branca do dia
Para alegria trazer
Para trazer alegria
Jogar conversa fora
Agora e não depois
Laços de afeto se constroem
Momento a momento
Sem expectativas, sem planejamento.
Para colorir a vida
Para dar-lhe contentamento

sábado, 24 de setembro de 2011

Que estrago


Que estrago!

Aíí, coração: Que dia! Que dia! Você não podia, você não devia
Se apaixonar, isso é pura loucura, se você não se cura, vou ter de
Penar, que azar, que azar...você não tem juízo, se bota a palpitar
Sem medir conseqüências, vou pagar o pato, ter dor de cabeça e
Ouvir um tango, fazer que tomo um trago, que estrago, que estra
aaago!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Recriando


Recriando

Busco sentidos, resignificando árdua e constantemente.
Certezas que se perdem, possibilidades que vislumbro, o temor do desconhecido.
Que por vezes excita, cria esperanças, mas que traz a desorientação.
Como estar embriagada, alucinada por verdades escondidas e crenças esclerosadas.
A vontade de viver, de ser feliz que não pode mais ser contida e que pulsa em minhas veias, artérias.
Que não me abandona, como o retorno da criança interna cuja voz não mais posso calar.
E o arrepio frio do corpo já cansado, congelado pelas tentativas fracassadas e pela aridez do passado.
E eu, que já fui tantas quanto as que brigam pela posse de minha alma, conclamo:
Vai escritora eremita cumprir teu solitário destino!
Vai viajante, cigana errante, perseguir teu caminho nômade!
Vai romântica incurável procurar amor!
Porque nunca encontramos o que procuramos,
Mas caminhando as cegas é que, por estranho acaso, alcançamos a luz.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A CIDADE



A CIDADE

A cidade domina
Assassina
Ilumina minha solidão
Essa cidade escraviza
Aterroriza
Exorciza
Escraviza meu coração
Parte meu ser em pedaços
Lança os estilhaços
Pelos esgotos
Que circulam adentrando o aço de seu coração
Suas sujas ruas, meus passos, despedaçam as últimas esperanças.
A cidade me invade, entra em minha circulação
Mágoas, aguas, chuva lavada de sangue
Mangue de solidão

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GOSTOSAMENTE


Gostosamente

Sol, calor
Morna tarde macia
Sabor à preguiça
Tantos pensamentos vagos di-vagam
Vagarosamente, vão se fechando meus olhos.
Borboletas passando
Coração distraído
A quentura vai penetrando meu corpo
Inteiramente
Gatos espicham-se na grama
Gostosamente
Bocejo e sou do jardim
Completamente

Dinâmica


Dinâmica
E pulsa,pulsa,pulsa
Universo, coração
Ritmo cardíaco.eco,vibração
Um,dois, três
Um,dois, três
Valsa,cadência,coração
Amassa,amassa, a massa.
Aonde vou? Será que vou?
Pulsa, pulsa, indecisão.
Sente, seiva, vida, explosão.
Vamos viver?
Dançar,dançar,dançar,
Valsa,reague,bailado cósmico
Um, dois, três.
Um,dois, três.
Sangue,circulação,estar
Olhar uma estrela a brilhar

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Batalhas Anônimas


BATALHAS ANÔNIMAS

Passados tantos anos, pensarás que sou a mesma Fátima
Mais velha talvez um pouco mais gorda.

AS MUDANÇAS PROFUNDAS NÃO SÃO APARENTES

Mudei, virei à alma do avesso.
Conheci a fome, a solidão
As razões ocultas das lógicas aparentes
Vi o lobo que vive dentro do homem.

TODA ESCOLHA IMPLICA UMA PERDA

Percebi as diferentes razões que movem as pessoas
Senti o preço da busca da verdade
Deparei-me com a força destruidora da inveja
E soube do que o ressentimento é capaz.

PARA ENCONTRAR A BELEZA É PRECISO ABANDONAR RANCORES

Procurei a verdade maior
Agora, sei que ela existe
Embora tenha muito para aprender
Incontáveis obstáculos a vencer

SÓ A VERDADE LIBERTA



Perdi bens materiais
Ganhei vivências
Amei, sorri
Chorei, perdi

O AMOR VERDADEIRO NÃO TEM APEGO

Descobri que todo ser humano possui um segredo que o amedronta
Que muitas vezes estamos sós e preenchidos
Em muitas outras estamos rodeados de solidão.
E que a paz de espírito é uma conquista

A PAZ É A MAIS IMPORTANTE DAS CONQUISTAS

Aprendi que a força é filha da ansiedade e do medo
Que buscar o sentido da vida
É a razão maior da existência
E que a todos cabe empreender essa jornada

NÃO BUSQUE NOS OUTROS AQUILO QUE ESTÁ EM TI

Descobri que as paixões são efêmeras
Mas que nem por isso deixam de ser belas
E que cada minuto desse percurso
É um universo de possibilidades

NÃO PERCA TEMPO GUARDANDO MÁGOAS

Compreendi que todo ser vivo deve ser respeitado
Que encerrar os animais para abate é um ato de extrema crueldade
Que comer carne é uma barbárie.
Um desrespeito à natureza.

RESPEITE OS ANIMAIS

E, por fim, que essa é a maneira que vejo o mundo
Que não é a única e nem poderia ser
Que a cada um cabe encontrar a verdade e o caminho
Que preencham os anseios de suas almas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SAMSARA


Samsara


Saudade é som, solidão, sopro no coração
È ainda silêncio, sentimentos guardados
Sentidos revelados, busca de redenção
Uma voz ao longe, velada pelo tempo.
Vislumbre de sorrisos apagados.
Sonhos esgotados, expectativas passadas
Segredos descobertos, situações re-significadas
O ciclo dos nascimentos, das mortes
Samsara

Suave


SUAVE

Verde e azul, azul e verde,
Vai e vem, vem e vai.
Mar encantado, quando canta, conta.
Navio no horizonte, avião que passa.
Ah, se eu pudesse ser um planador!
Sonhar é um jeito suave de viver.

domingo, 18 de setembro de 2011

MUITA LUZ


MUITA LUZ
Sentir o som
Ouvir o odor
Tocar imagens
Degustar poemas
Escutar sentimentos
Um mundo de novas sensações
Todas as possibilidades
Vontades de experimentar
Livre como um pássaro
Muito além das limitações
Ser o que se quer
Querer ser plenamente
Você, eu, o universo
Versar versos voadores
Deixar para trás as dores
Encher a alma com sabores, cores
Emoções, palpitações
Luz, muita luz
Muita luz
É tudo que quero

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Déjà vu


Déjá vu

O depois já foi antes
O agora é déjá vu
Acho que perdi a direção
Será que meu coração esgotou as possibilidades?
Estranhas realidades, probabilidades não entendidas.
Não vejo saída
Tudo é um redemoinho
Um novo e mesmo caminho
Ando atrás da minha sombra
E ela atrás de mim
Não, não é esse o fim que desejo
O mesmo amor, o mesmo beijo
A mesma e sofrida sensação
Tudo se repetindo
O replay, o mesmo filme
O mesmo e eterno abandono
Não, não é esse o enredo que desejo
É assim que me vejo
Não, não quero esse mesmo trajeto
Um sujeito que tem sempre o mesmo objeto
Não haverá na gramática dessa vida
Uma frase que possa me salvar?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ESTRADA


ESTRADA

Confusos sentires, difusas sensações.
Sinto uma ausência, uma falta em meu peito.
Suspeito que seja abandono ou medo de me entregar
Tenho cicatrizes pelo corpo e mágoas no coração
Resultado de muita luta, desenfreadas emoções.
É como cansaço, fracasso, uma anima fragmentada.
Calada, depois de muito se dar, de muito viajar
Construí essa estrada caminhando sem repouso
Sem tempo para desanimar, sem direito de errar.
Foram muitos anos, muitos amores, dores, alegrias.
Sabores, dissabores, perdas, ganhos
Um eterno re – inventar a cada amanhecer
Até a total exaustão.
Ah, faltam-me as forças, aquela combustão
Que impulsionava minha vida como rastilho de pólvora
Talvez até os mais bravos guerreiros
As mais velozes amazonas
Tenham um dia de enfrentar
A mais completa covardia.

Bem-te-vi


Bem-te-vi
Nem levantei e já ouço um tal de bem-te-vi pra cá e bem-te-vi pra lá.
Mas que bichinho mais exibido, deve estar enchendo aquele papinho,
Todo cheio de atitude. Pode uma coisa dessas?
Que bem-te-vi, qual nada.
Minha cortina está fechada, eu cheia de preguiça e ele com a voz toda esganiçada.
Amanhecendo todo o pedaço, só dá ele na parada.
Bem-te-vi, só de ouvir tua gritaria, fico encantada.
Parece até piada, um passarinho tão pequeno provocando tanto alvoroço.
Que maçada, vou ter que despertar!
Com um Bem-te-vi por perto até o dia é obrigado a clarear.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PANIS ET CIRCENSE


PANIS ET CIRCENSE

Gigantesco, triste, o lutador causava inveja por sua força colossal.
Como um tigre selvagem rugia, enlouquecia.
A multidão sedenta, enfurecida assistia o embate.
É a vida de tão dantesco herói? Que vida?

Lute, mate, morra era o que ouvia

Quem se importa com a nossa desdita enquanto podemos animar
Espantar fantasmas e medos alheios,
Sabendo que receios atormentam nossos silêncios medonhos
E a tua vida? Que vida? Ouvias enquanto emprestavas tuas alegrias

Cante, dance,empresta-nos tua alma

Queremos pão, circo, sangue, lágrimas e gargalhadas.
Porque não temos nada, porque vivemos confortavelmente.
Dependentes de personagens que amenizam nossa inutilidade
E a nossa vida? Que vida?

Ouçamos o noticiário, vejamos as manchete horrendas, guerras, tiroteios nas favelas

O lutador solitário morre em frente à platéia aturdida
Mas, era só um filme. Filme?

Preciso ocupar meu tempo diz o solitário do pijama enquanto toma suas pílulas para dormir

domingo, 11 de setembro de 2011

SE HOUVER AMANHÃ


SE HOUVER AMANHÃ

Só, sozinha, silêncio, sensações
Minha dualidade, a eterna rivalidade
De emoções opostas e sobrepostas
Feridas expostas e a férrea vontade de superar
Minha alma não sabe silenciar
Lutar é meu destino
Nesse instante exato, já sinto o cansaço
Não sei se é aquele dos que vão partir
Dos que vão desistir
Ou dos que finalmente alcançarão transcender
Mas pressinto que é uma virada completa
Sem qualquer possibilidade de volta
Sinto o aperto no peito, o disparar do coração.
E a assustadora certeza de que não devo agir
Não está em minhas mãos.
Que mistério é esse?
O enigma da vida
A tragédia, beleza e crueldade
Da condição humana
Sinto medo, sinto frio
Um arrepio premonitório
E é notório: o amanhã é incerto
Se houver amanhã

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

NOITE DE LUA


NOITE DE LUA


Noite de lua
Fissura de gato
Miados debaixo do cobertor
Amor

Lua de namorar
Astro no céu
Favo de mel
Anel

Estrela cadente
Paixão ardente
Fogo de lenha
Constelação

Chuva de estrelas
Fogo de chão
Corpo quente
Sedução

Noite de lua
Uivo de loba
Instinto de cão
Gestação

CIRCENSE


CIRCENSE
É a vida
Olha o circo
O ciclo da vida
A roda de fogo
Quero ver queimar
Engole fumaça
Trapaça na mágica
Ilusionismo pra sobreviver
O globo da morte, a cigana da sorte.
É verdade, é mentira.
O espetáculo é a grande novidade
Música; a maçã colorida do amor.
A eterna medida

O palhaço brinca:
Hoje tem marmelada?
(Tem sim senhor)
Hoje tem goiabada?
E o palhaço quem é?
- Somos eu e você
Há o que anda na corda bamba
Eu domador amanso essa dor
Na bravura há o contorcionista
E o artista a bailar

O itinerante leva adiante o cotidiano
Para que o desengano vire show.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

NATURALMENTE


NATURALMENTE

Lua dourada iluminando o mar
Visão da mais pura beleza
Certeza de que não há o que perder
Viver com prazer, naturalmente
Sentir cheiro de mato
Pés descalços, a sensação da areia macia
Um amor com gosto de céu
Mel escorrendo dos beijos lambuzados
Gosto de fruta suculenta
É tudo que quero
Um amor de alegria, gargalhadas
Mãos dadas e corações livres

Fênix


Fênix

Passam sombras, visões fantasmagóricas.
Várias imagens, o tempo, minhas tantas siluetas.
A criança e seus amigos imaginários.
Brincam de roda tão presentes,
Os que ausentes consideramos.
E nesse tresloucado baile, dançam pela casa vazia,
Toda sorte de assombrações vadias.
Carregando estilhaços
Que voaram na explosão
De um ferido coração.
E nesse dantesco espetáculo
Há música, gargalhadas, gemidos.
Como um mosaico de lembranças
Patchwork de incontáveis esperanças
Que precisam encontrar-se.
Cacos, mágoas, pedaços dos diferentes eus.
A espera de uma delicada colagem
Que cicatrize pele, veias, sangue, emoção.
Para que o pássaro prateado
Abra uma vez mais suas longas asas
E saia livre, grande, poderoso...
Deixando um rastro de fogo na imensidão

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O anjo da solidão

O anjo da solidão

Minha estrela, meu céu
Onde está você meu favo de mel?

Sinto tua falta na noite vazia
Na madrugada fria
Repleta de ausências
Saudades do que fomos
Do que sonhamos
Da lua que entrava pela varanda
Iluminando nosso amor descuidado
Sem pudor, sem cobertor
Amor de fantasias
Prazeres e alegrias
Universo paralelo
Nenhum elo com o mundo dos mortais
Cheiro de terra molhada
Como testemunha, a passarada
Nesse ninho de ilusões
Esqueci meu coração
Deixei a paixão, o desejo sem culpas
Para ir atrás do que pensava realidade

Hoje, em sonhos, me pergunto
Se naquele bosque onde abandonei o feitiço
Ainda mora o anjo que guarda minha solidão?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A VIDA SE APRENDE AO VIVER


A VIDA SE APRENDE AO VIVER

Acho que é a mesma estrada
Com tropeços aqui e acolá
Mas a gente não aprendeu a caminhar
Ninguém ensinou-nos a caminhar
Porque também não sabia
Não, não sabia
Estamos no mesmo barco ele, você e eu.
Mas não sabemos navegar
Ninguém ensinou-nos a navegar
Porque também não sabia
Não, não sabia.
A gente não sabe como sofrer
Mas como aprender se a dor parece à mesma
Mas a dor da alma só sabe quem sente
Você quer entender a dor do outro
Mas, nem ele entende.
Não, nem ele entende.
Porque a vida não se aprende em teoria
Nem tão pouco com ensinamentos
A vida se aprende ao viver
Sofrer só se aprende sofrendo

Despedida


Despedida

Como ave ferida que não alcança voar
Mas sabe da imensidão azul do céu
Do bando de aves migrando em euforia
Um dia também pude lá estar
Planando em liberdade
Louca e aérea mocidade
Sem grades, sem chaves, sem destino
Não quero o peso dos pertences
A dor dos apegos, os conselhos da idade
Estou indo contra o meu eu, identidade.
E já sinto a dor dessa desnatureza, dessa crueza
Eu não sou daqui, muito menos de lá
E quero de novo minhas asas, meu coração
E essa revelação tira meu sono
Entre ser e estar
O primeiro é meu verbo, minha vida.
E será assim até a completa despedida

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais, muito,muitíssimo mais


Mais, muito, muitíssimo mais.

Quero um amor maior que a soma de duas metades. Amor de eternidade.
Quero um amor de infinita insanidade. Imenso como a verdadeira liberdade.
Quero amar mais do que minha humana possibilidade.
Mais do que os olhos podem ver e a boca sentir.
Como uma física quântica de sentimentos, um orgasmo tântrico de enamoramentos.
Quero mais vida, muitíssimo mais vivida. Sem começo, sem despedida.
Uma explosão de energia, cores, sabores e destemores.
Quero um interminável começo, um eterno regresso e um sem fim de partidas.
Imponderável, imensurável, incontestável sentimento de plenitude vazia.
Outros parâmetros, desconhecidas medidas, águas não navegadas.
Para que contentar-nos com o que é humano se podemos ser anjos?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

NAVEGADOR NEÓFITO


NAVEGADOR NEÓFITO

Vagas ondas divagam
No mar dos meus pensamentos
Num vai e vem vital
Vai-se o que se esvaziou
Chega o que o preencherá
Há que ser um marinheiro esperto
Para não se perder nas viradas da maré

A espuma do mar
A bruma do oceano
O mergulho no inconsciente
A razão de viver
O impulso vital

O perigo de perder a direção
Inundado pelas ilusões
Avassaladoras fantasias
Trazidas por cavalos marinhos
Pela voz sedutora de Iemanjá

O mar pode te arrastar
Te carregar
Mas, sem ele tua vida vai secar
Fascínio, domínio, equilíbrio
Marés, ressacas, inundações
Mistérios inescrutáveis
E, tu, navegador neófito
Deslumbrado, assombrado, enfeitiçado
Não tens outra saída que não a de viver

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ela canta na igreja


Ela canta na igreja

Cheiro de incenso, anjos do barroco,
Ogiva, céu, espetáculo de fé.
Transcendia, expandia, fugia minha alma.
Minha mãe cantava na igreja e era bela.


Mulheres, brancos véus,
O órgão, o coro, as gravuras,
Sofria, sangrava, suava o filho de Deus.
Minha mãe cantava na igreja e era tão bela.

Passaram-se anos, vidas tristezas,
Vieram às dúvidas, as mágoas, as chagas.
Minha mãe cantava na igreja.
Minha mãe, só, cantava na igreja e era cada vez mais bela.


Hoje quando entro em uma igreja,
As imagens, os sons, tudo me lembra ela.
Minha mãe canta na igreja.
E só eu posso escutar.




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

COMPLETAMENTE SER


COMPLETAMENTE SER


Noite de lua
Alma nua
Um corpo flutua
Em busca de estrelas
Sonhos cósmicos
Realidade onírica
Vigília de ilusão
Paixão sem corpo ou realidade
Saudade de outras paragens
Planetas distantes
Pensamentos conflitantes
Coração dividido
Quisera abandonar o corpo
O porto, a crueza de amanhecer
O cotidiano, o desengano
O automático ter e fazer
O eterno esforço por pertencer
E completamente SER

domingo, 28 de agosto de 2011

EXISTIR, EXPIRAR


Existir, expirar

Faz frio, minha alma acorrentada sente preguiça
Você me escraviza, tenho medo de morrer
Não sou pássaro de gaiola, você não consegue ver
Não sou sua, não sou daqui
Vim do espaço, devo ter caído desatenta
Meu corpo pesa, a força da gravidade me encerra
Não posso voar, o azul do céu me chama
Sem forças, caio abatida
Não suporto minhas feridas.
Não quero água, não quero pão
Nem casa, nem pátria ou chão
Não quero que me leves pela mão
Quero ser carregada pelo vento
Sem tempo de voltar
Sem hoje ou amanhã
Ser somente, sentir, respirar
Ver e gostar
E quando for meu tempo
Expirar

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CRISTAL


Cristal

Fragmentos de momentos aprisionados no cristal
Rosácea, laranja, violeta, lentas e sofridas fusões.
O que brilha é o que tortura, exuberante loucura.
Diferentes formas cintilam e circulam sob o efeito da luz.

Lindo e cortante oscila no cordão de prata.
Tal como faca a estilhaçar gelada a rocha da solidão.
È vidro, lume, luminosidade, celeste claridade.
Encontro de adversidades, superação de rivalidades, ontológica união.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SE VOCÊ QUISER SABER DE MIM


SE VOCÊ QUISER SABER DE MIM

Não me venha com essa de terminar a tarefa
A história da gente não tem começo, meio e fim
Para você eu não sigo a lógica, mas eu sempre senti assim
Eu não apareço em seu dicionário e meu discurso não precisa de análise
Não venha me socar Freud goela abaixo
Porque não é assim que me acho, não é assim que eu me acho.
Se você quiser mesmo saber de mim
Esqueça os livros na prateleira
Uma história verdadeira não cabe em teoria
Porque não é assim que me acho, não é assim que eu me acho.
Não tente me fazer diferente
Porque não é assim que a gente sente, não é assim que a gente sente.
A realidade é um engodo e a fantasia sempre tem mais alegria
Quem acredita no que vê, não viu tudo
Porque nem tudo é de se ver, nem tudo é para ver.
Se tomo remédios, é só para esquecer
Que tudo estava assim mesmo antes da gente nascer
Muito antes de a gente nascer.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011


NENHUMA RESPOSTA
O que seria uma montanha sem sua história encravada em pedras?
Que faria um pássaro se não pudesse cantar?
Que sensação passa um violino sem cordas esquecido em um móvel qualquer?
Que som emitiria um cisne vendo suas asas feridas refletidas no lago?
Um condor no mais alto penhasco sem poder voar?
Para que serviriam os olhos se não pudessem chorar?
Os lábios se não pudessem sorrir.
O que é feito do amor que sentimos quando não podemos ofertar
Que sentido teria meu viver se eu não escrevesse?
Por que toda grandeza, toda beleza é sustentada pelas mais frágeis debilidades?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011


A CAVALGADA DA LUA

A marcha da vida
Cavalgada da lua
Tropel de cavalos
Enfeitiçados pela claridade
Enganados pela aparente proximidade
Do objeto de desejo
Inexplicável instinto
O suor no pelo molhado
Adrenalina, atração
Conspiração de forças da natureza
Beleza em estado bruto
Cavaleiros em noite de lua cheia
Em busca da alma perdida
Da força da vida, da natureza plena

sexta-feira, 29 de julho de 2011

AS VIDAS,AS VOLTAS



As vidas, as voltas

Parece o parque, a roda gigante
Subidas e descidas rápidas,
Tudo ficando para trás e voltando, voltando
Quanto mais se anda mais se volta
Vida torta, vida volta
As voltas da vida e você na porta
É tudo igual e diferente e quem se importa
A vida não volta, a casa está morta
Quanto mais se anda mais se volta
E já se andou metade da rota
A vida não volta e quem se importa
E você anda, anda e a sua chegada
É sempre uma volta, você retorna
E tudo é exaustão, na imensidão sem volta
Você não quer parar, tem medo de morrer
Lá está você a correr, correr
Sem direção, sem perdão
A vida não volta, a casa está morta
Mas sua alma vive todas as vidas por viver
Veemente, voraz, valente
Como se pudesse vencer das vidas, as voltas.