sexta-feira, 11 de outubro de 2013



NOVA ESTRELA

Ouça não sou um caso perdido
Você ainda pode me dar ouvidos
Não chamei teu nome
Creia, queria chamar.
Talvez você não tenha
 Todas as razões para me amar
Mas as que têm podem me salvar
Não me deixe perder sua luz
Como é possível viver sem Jesus?
Não sou ovelha desgarrada
Só ando confusa, desanimada
Tão longa foi a caminhada
Você sabe disso
Por isso lamento
Quando não sigo o combinado
Não ouço o chamado
Não faço por me merecer
Perdoa-me só por perdoar
Preciso demais de você
Mais do que posso entender
Vir a ser melhor é meu desejo
Perdoa-me só por perdoar
Oh, Lorde de doçura
Porque até mesmo os menos aplicados
Sentem amor
E a amorosidade torna possível
Que só por pensar em você
Uma nova estrela possa nascer

quarta-feira, 25 de setembro de 2013



GAYA
Folha que cresce
 Chuva que cai
 Sol que aparece
 Flor que desabrocha
 Cheiro de terra
 Cheiro de mato
 Andar sem sapato
 Os pés no chão
 Gaya, Gaya
 Alimente a árvore
 Da minha vida
 Quero aninhar passarinhos
 Dar sombra e carinho
 Para os que de mim precisarem
 Aumentando mais e mais
A seiva
Nutrição e luz
Multiplicando sementes e frutos
Brincando de Jesus
Parte da terra
Do fogo, da água, do ar
Noite e dia
Alegria de fazer parte do todo
Nada sendo.



terça-feira, 18 de junho de 2013




 SÓ MAIS UMA ESTÓRIA

Naquela cidade
Havia um bairro
Naquela rua
Onde de feliz tristeza
Viveu a minha infância
Aquela senhora vestia uma saia
De remendados trapos coloridos
Levando ao colo um bebezinho
De plástico
E uma garrafa de aguardente
Naquela casa
Nos dias de sol quente
Ouvíamos passar o afiador de facas
E tudo cheirava a morna quietude
Nos dias de frio passava a carrocinha
Carregadinha de lenha
De qualquer modo
Assim é em minha memória
Toda a vida é uma estória
Minha mãe era um cobertor
Então tudo parecia quentinho
Na sala o sol desbotava as cortinas
E cheirava a mormaço e preguiça
Muitas vezes as cores enfureciam-se
Então cheiravam a faca
E sangue
Naquela parede havia uma imagem de
Jesus
Que olhava doce e mostrava
Ao afastas as vestes
Enorme coração
Vermelho e aberto
Eu sentia amorosidade
Em amarelo ouro
Aquele lar
Em sons, cheiros e cores
Habita em cenário
Meus pensamentos
O que é feito de matéria
Vira pó
Mas as lembranças são feitas
De amor
Dor, alegria, tristeza
De sopa na mesa
Dos dedos compridos de minha mãe
Servindo meu prato
Do espanto
Do que se foi
Do que restou
De tantos
Tantos
Tantos anos
Que passaram
Mais depressa
Do que desbotaram
As cortinas

quarta-feira, 22 de maio de 2013


  A ORIGEM DA IMPOTÊNCIA

E agora que fui invadida
Através dos poros, tecidos
Músculos, veias abertas
Realidade vermelha
Espelha essa outra possibilidade da existência
Consciência da fragilidade dos diferentes ritmos
Batimentos cardíacos, respiratórios
Alucinatórios trajetos de anestésicos
O mais profundo e elementar do ser
Do que você é constituído, formado
Forjado, moldado
Do outro lado do lado do metafísico
Do idealizado, sonhado e conhecido
Mais além do nobre, do esotérico ou cartesiano
Lá onde seu sangue é o sangue de todos
Suas secreções as humanas, banais
E só o que parece estar fora de ordem
É o seu espanto dessa crua realidade
É o medo da inesperada fragilidade
A consciência da origem de toda impotência


quinta-feira, 2 de maio de 2013



VERDADE

Tateava no escuro, perseguindo a luz
Às cegas busquei-te na noite da alma
Você presenteou-me com a escuridão
No seu livrinho, eu não cabia
Na sua escola, não tive aprovação
Lembro-me de ter um pásssaro ferido
Guardado no peito
Você me algemou
Atou-me a uma camisa de força
Não me viu
Não me sentiu
Não enxergou a grandeza
Da dor dos que buscam
Não a encontrou
Em sua cartilha de erudição
Quis mostrar-me a realidade refletida
No fundo da caverna
Eu tinha visões
 De outros mundos
Lá fora, longe de suas teorias
Você não queria
Ninguém quis 
Sinto alegria ao perceber
Que agora é você
Que não mais cabe
Na minha verdade

sexta-feira, 22 de março de 2013



     DISSOLVIDO NO TODO
E tu cordeiro branco
De paz iluminado
Raios coloridos te acompanham
Através de colinas, montanhas, prados
Tua presença se faz sentir
No mar, na terra, no céu estrelado
No topo da minha cabeça
Como uma leve sensação de formigamento
Sentimento sem nome ou explicação
Canção do universo
Mantra de paz
Tudo em mim
Dissolvido no todo


terça-feira, 5 de março de 2013






                       ACORDAR
 Seu coração vai expandir-se
Brilhando em cores como raios de luz
Uma sensação difusa de prazer
Vai preencher todos seus sentidos
Sem palpável explicação
Sua terceira visão está a pulsar
Você parece estar vendo tudo
Como jamais ousou imaginar
Parece até que você vai se aceitar
Sem julgar, sem pensar
Sem objetivo
Você vai se perdoar
Naturalmente, sem catecismo
Pássaros em sua janela vão cantar
Como pontos sonoros que podem cintilar
Você ainda está em seu lugar
Mas nem você, nem sua casa
São como já foram
Algo de verdadeiramente novo está a chegar
Chovendo do céu feito coloridas sementes
Eu sei você não vai acreditar
Mesmo eu tenho a sensação de que
Vou acordar.      

terça-feira, 22 de janeiro de 2013



MAS COMO?
Distância, instância
Estada, morada
Vidas entrecruzadas
Muitos destinos unidos
Formando sentidos indecifráveis
Prováveis coincidências
Vida: turbulências
Lagos de mansidão
Tristezas e alegrias somadas
Pessoas que amamos
Pessoas que não entendemos
E a contínua sucessão de confluências
Interferências, ausências
A percepção da influência do outro
Vontade de somar
Mas como?